Uma candidatura a presidente, segundo o pessoal do “andar de cima” do Rio de Janeiro.


Sucessão
Durante um almoço do andar de cima, no Rio, falava-se nas virtudes de Eduardo Campos como candidato à Presidência, até que um grande empresário que estava à mesa perguntou ao garçom:
- Você sabe quem é Eduardo Campos?
- Nao, Senhor -, respondeu o rapaz, com sotaque nordestino.
O assunto morreu.


Acima está uma notinha, na íntegra, da coluna, melhor dizendo, meia página, da lavra do jornalista Elio Gaspari, publicada, por dentre outros jornais deste Brasil de meu Deus, o goianiense O Popular, deste domingo (9), página 12.

Vamos direto ao assunto. Eduardo Campos é economista, presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), governador do Pernambuco, exercendo o segundo mandato no cargo. É um dos pré-candidatos a presidente da República nas eleições de outubro deste ano, segundo a movimentação que este político de 48 anos, neto de Miguel Arraes (15.12.1916 – 13.08.2005), vem fazendo no cenário brasileiro.

Até onde minha curta capacidade de entendimento me permitiu chegar, a nota de Gaspari deixa no ar que o “andar de cima” do Rio de Janeiro deve saber direitinho que o nome de Campos, por desconhecido do povão, o grande eleitorado, ali representado pelo garçom de “sotaque nordestino”, é inviável como concorrente ao principal cargo da República. Será que é tão simples assim analisar e entender o jogo político? Sei não. Há controvérsias.

Vem à memória fácil, fácil, em tais circunstâncias, a candidatura de Fernando Collor de Mello, nas eleições presidenciais de 1989. O cara tinha 41 anos, acho, era filiado a um tal de Partido da Reconstrução Nacional (PRN), nanico no quadro partidário tupiniquim, governador de Alagoas, mas soube se fazer conhecido de “sua excelência, o eleitor”, no momento certo: ao longo da campanha eleitoral, principalmente no dia da votação.

Ah, sim! O Brasil e os brasileiros, os eleitores também, mudaram bastante daquelas eleições para presidente da República em 1989 até os mais de 140 milhões de nativos que estão aptos para ir às urnas e eleger o chefe da Nação e do Executivo do Brasil para o período de 2015 – 2018, em outubro próximo. A começar pela quantidade de informação sobre os políticos em geral e candidatos em particular disponíveis e acessíveis “a quem interessar possa”. Tudo ao alcance de um click na internet, vale lembrar.

É de se duvidar, hoje, ser possível um candidato qualquer deslanchar na disputa pelos votos sem ter sua experiência política, administrativa e até aspectos da vida pessoal esmiuçados pela imprensa, principalmente pelos sites, blogs, perfis no twitter e no facebook. Isso revela sim muito sobre o candidato. Na época do fenômeno Collor de Melo a coisa foi diferente e o distinto público votante ficava sabendo apenas da parte que interessava ao candidato, os aspectos positivos de seus feitos, capazes de atrair a preferência dos eleitores, transformando isso em votos.

Apesar da diferença existente entre uma época e outra, um ponto permanece, a meu ver, com a mesma importância decisiva de sempre: a qualidade da campanha que o candidato vai conseguir fazer. O sujeito precisa ser conhecido pelo eleitor é lá no dia das eleições. Lógico, que estou simplificando um pouco as coisas. Afinal, um candidato mais conhecido pode ter condições facilitadas na obtenção de recursos (dinheiro, sobretudo) para fazer uma campanha melhor, o que é um grande trunfo em qualquer disputa eleitoral.

Por pensar assim, acabo ficando na incômoda situação de discordar do pessoal do “andar de cima” la da “Cidade Maravilhosa”. Afinal de contas, esse pessoal aí circula com desenvoltura onde as coisas são decididas. É lá no andar de cima que os caras decidem desde já quem será o presidente da República ou a presidente. Será mesmo?

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