E agora foi a vez de Júnior Friboi renunciar à pre-candidatura a governador pelo PMDB goiano.

Júnior Friboi e Iris Rezende: Disputa acirrada.
E não é que o Júnior Friboi jogou a toalha ontem à tarde e, por meio de “Carta aberta aos companheiros do PMDB”, o empresário renunciou à condição de pré-candidato a governador, nas eleições deste ano? Há poucos dias, Iris Rezende fez a mesma coisa, todavia permaneceu mais pré-candidato do que nunca. Deu no que estamos vendo agora.

Sinceramente, não consegui entender o Júnior Friboi ter optado por deixar o comando estadual do PSB para se filiar ao PMDB, legenda que tem cacique demais da conta, e o maior de todos, Iris Rezende, é claro. O objetivo do empresário era ser candidato a governador, então ele já detinha o controle de um partido. Entrar para o PMDB, apesar da força que a legenda possui nos 246 municípios goianos, era certeza de ter que disputar com um político do naipe de Iris para conquistar o direito de se candidatar à vaga no Palácio das Esmeraldas. Ou seja, Júnior procurou sarna para se coçar.

Os políticos brasileiros não gostam de disputar convenção, que no país é evento meramente homologatório de acordos realizados anteriormente. Os caras preferem ficar nos bastidores digladiando e se cansando mutuando, principalmente se desgastando, feito aquela brincadeira antiga de criança, “fazer a gata parir”. Os moloques se sentavam num banco e iam se espremendo até os mais incomodados se levantarem. Quem permanecia sentado, era o vencedor da parada. É mais ou menos assim o processo de definição de candidatos majoritários na política brasileira.

Daqui da minha ignorância ou ingenuidade política, entretanto, não vejo maiores problemas em haver disputa no voto dentro dos partidos para se chegar ao nome de qualquer candidato. Mas a moda não é essa, e todo mundo fala da necessidade de se fazer acordo e evitar disputas, pois isso dividiria o partido e a candidatura já nasceria fraca. A realidade atual do PMDB goiano nessa briga entre a turma do Iris Rezende versus os caras do Júnior Friboi sinaliza que talvez ao vencedor vai caber as batatas (Sua benção, Machado de Assis!). Com isso quero dizer que seja lá qual for o candidato o PMDB velho de guerra estará muito enfraquecido pelos meses e meses de embates internos.

E o pior para os peemedebistas, imagino, é que não há como recompor as forças assim de uma hora para outra, pois a peleja interna consumiu boa parte das energias dos políticos envolvidos neste processo. Nunca é demais lembrar que geralmente, uma coisa que começa mal, tende a terminar pior ainda. Será que o pessoal do PMDB depois de todo esse desgaste vai encontrar o rumo, sabedoria e energia capazes de conquistar a maioria dos votos do eleitorado goiano? Boa pergunta, meio que respondida por Júnior em sua carta, quando disse que “a perspectiva é a do PMDB chegar às eleições como um partido dividido, marcado pelas cicatrizes da luta interna”. Desse jeito tudo fica mais difícil.

Veja abaixo a íntegra da carta renúncia de Júnior Friboi.

Carta aberta aos companheiros do PMDB

Amigos,

Aprendi com meus pais os valores que guiam a minha vida. Os mais importantes são a verdade e a lealdade. Sempre me pautei por eles, e com sucesso. Quando decidi entrar na política, jurei a mim mesmo e à minha família que não me afastaria dos princípios em que sempre acreditei: falar a verdade e acreditar que os outros estejam fazendo o mesmo.

Meu primeiro movimento ao ser convidado para me filiar ao PMDB foi procurar Iris Rezende, amigo de minha família por décadas. Disse a ele que pretendia disputar o governo de Goiás e perguntei se ele tinha o mesmo plano. Se tivesse, eu não viria para o partido. Não tinha o interesse de dividir a legenda.

Iris me disse naquela vez que não pretendia concorrer a governador, o que viria a reafirmar em várias conversas que tivemos depois. Me assegurou serem falsas as acusações de que não deixava nenhuma outra liderança crescer no PMDB. Que não tinha sido ele a impedir as candidaturas de Henrique Meirelles, Vanderlan Cardoso e a reeleição de Maguito Vilela. Eu acreditei, e me filiei ao PMDB.

Nesse primeiro encontro, Iris me disse para viajar pelo interior de Goiás, conversar com os companheiros. Se o PMDB me abraçasse, ele me abraçaria. Foi o que fiz, e o PMDB me abraçou.

Apesar disso, Iris se lançou pré-candidato a governador. Respeitei sua disposição e mantive a mesma postura. Para minha alegria, a imensa maioria do partido apoiou meu nome e nossa proposta de renovação. Alguns dias depois, num gesto de grandeza, Iris renunciou à pré-candidatura, anunciando sua intenção de não dividir o partido.

Infelizmente, a renúncia dele não acabou com as intrigas de bastidor ou com os ataques contra mim. A perspectiva é a do PMDB chegar às eleições como um partido dividido, marcado pelas cicatrizes da luta interna.

Eu me comprometi a não dividir o PMDB e serei fiel à minha palavra. Neste momento retiro minha candidatura. Deixo o caminho aberto para Iris Rezende disputar mais uma vez o governo de Goiás. Acompanharei a disputa eleitoral como cidadão.

Deixo o processo eleitoral com o coração agradecido aos companheiros que honraram sua palavra e seus compromissos. E saio com a consciência tranquila de quem permaneceu fiel a seus valores.


Júnior Friboi


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