E por falar em orelhão


Olhando com nostalgia para um telefone público. Que coisa!


Cena urbana pouco comum: Orelhão em uso.
Dia desses enquanto caminhava pela Rua 7, entre as Ruas 2 e 3, no centro de Goiânia, deparei-me com uma cena urbana que fazia tempo não via ao vivo. Alguém usando um telefone público. Sabe aqueles orelhões? Pois é daquilo ali mesmo que estou falando! E a propósito, é muito difícil a gente enxergar na cidade aquele terminal telefônico de uso público mediante pagamento, claro e evidente. Internauta novinho, penso, se brincar nem sabe muito bem do que estou a falar aqui. Por isso a foto é fundamental neste post.

Até me lembrei agora da história da dupla Zezé di Camargo & Luciano que, lá no início da peleja deles rumo ao estrelato na música sertaneja, recebeu empurrão da galera que pedia a canção "É o amor" nos programas de rádio em Goiânia pelos orelhões da vida. O seu Francisco, pai dos cantores, distribuía as fichas para os amigos e conhecidos ligar para a rádio e pedir a música que virou mania nacional e catapultou os “cantantes” goianos para o primeiro time da música brasileira.

Puxa vida, como as coisas mudaram tão rápido nos últimos anos, sobretudo na tecnologia em geral e na comunicação, especialmente. Em pouco tempo sumiram os tais orelhões, vítimas preferenciais dos baderneiros de várias matizes que por qualquer me dá cá essa palha quebravam os telefones públicos. Os caras não perdoavam nem se nas proximidades só houvesse aquele único terminal. Nada não, os vândalos tinham uma espécie de tara por quebrar orelhões. Agora, isso é coisa rara, então nas manifestações de 2013 o pau cantou em outros objetos.

O surgimento, melhor dizendo, a popularização do uso do telefone celular pôs fim aos telefones públicos, inclusive os telefones fixos também já não despertam o interesse das pessoas não. Hoje em dia muita gente está preferindo ter somente telefone celular em casa, mantendo o aparelho fixo não raro por causa do acesso à internet, pois geralmente as operadoras de telefonia incluem a conta num pacote. E acho que é isso aí que vem garantindo boa parte dos telefones fixos nos lares brasileiros.

É que atualmente a comunicação para atender às expectativas da galera antenada, plugada, tem que acontecer quase que na velocidade a luz. Pensa como era demorado tirar o telefone do gancho, ouvir aquele sinal, discar os números escutando o som característico de cada algarismo, depois ficar aguardando a chamada se completar com alguém do outro lado dizendo “alô!” Nos dias de hoje pessoal tem mais paciência não. As pessoas estão sempre com uma pressa maluca que muitas vezes a gente nem entende muito bem a razão de tanta e tão intensa correria, mas é assim que as coisas estão.

De toda uma coisa é certa, olhando bem para um orelhão é possível notar que realmente a vida dita moderna e conectada de hoje em dia, não tem espaço para aquilo ali não. Orelhão caiu em desuso. É que a roda do tempo, da vida enfim, gira para frente mesmo. Sabe que deu até vontade de repetir aquele bordão típico de quem anda saudoso de outras épocas? Uái, “bons tempos aqueles”.


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