O drama de quem espera por uma vaga em UTI

Paciente ter que aguardar o surgimento de leito para iniciar tratamento é desesperador


Mais vagas em UTIs em Goiânia e região: A carência é grande.
(Imagem: Arquivo Google)


É, meus amigos, a vida é dura e não apenas para quem é mole, como costumamos brincar. Feliz ou infelizmente, quem haverá de se saber ao certo? De fato, a coisa está complicada para todo mundo mesmo. Os usuários dos serviços públicos de Saúde neste Brasil de meu Deus que o digam. Divino Pai Eterno!

O sujeito que passar mal, digamos, sofrer um ataque cardíaco, estando em diversos pontos de Goiás pode morrer sem sequer receber atendimento de um especialista na matéria, um médico cardiologista, por exemplo. E olhe bem que algo do tipo nem precisa acontecer lá nos confins do sertão goiano. Sendo aqui mesmo na região Metropolitana de Goiânia o bicho pode pegar e feio. Mais especificamente ainda, em Trindade.

Já ouvi relatos de gente que teve casos assim na família ou no círculo de amizades e foi um perrengue triste demais da conta até que a vítima fosse atendida de forma eficaz. Pelo caminho, suspeita-se que talvez óbitos tenham ocorrido devido a essa dificuldade inerente hoje ao sistema. Mas somos assim mesmo, um povo conformado por isso e aquilo não funcionar como devia. Entregamos muitas das nossas dificuldades “nas mãos de Deus” à espera de que milagres ocorram a granel. Pois é, pois é, pois é.

Estou acompanhando, com tristeza, apreensão e esperança o desenrolar de um caso do tipo aí acima descrito. Um amigo muito querido sofreu infarto, na noite de quarta-feira (8). Foi socorrido a tempo pelos companheiros então presentes e encaminhado ao Hospital de Urgências de Trindade (HUTRIN) onde permaneceu até agorinha mesmo (sexta-feira), no entanto, sem receber o tratamento recomendado pela boa literatura médica. Cadê cardiologista? Cadê uma vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) própria para o caso?

Caríssimos internautas, é justamente quando algo semelhante ocorre a nossa volta é que percebemos como somos frágeis e o quanto precisamos caminhar para melhorarmos a qualidade dos serviços públicos essenciais. É bom ter um Hospital de Urgências na cidade onde vivemos? Claro que sim. Mas se for para fazer quase que prioritariamente partos na unidade, seria interessante repensar a coisa toda. Ah, mas falta dinheiro para funcionar melhor. Então, estamos e permaneceremos irremediavelmente ferrados. O vil metal é sempre escasso, principalmente no setor público.

E quando tratamos desse tipo de assunto, o prefeito costuma não gostar, secretários ficam chateados e outro tanto de assessores tomam a coisa como uma espécie de desaforo. O jeito é ignorar essas possíveis reações e tocar o barco, registrando a contrariedade com essa situação que afeta muita gente, principalmente quem não possui plano de saúde. Agora, se todos se sentissem assim incomodados, mas botassem a massa cinzenta para funcionar e encontrassem solução definitiva para problemas parecidos, seria a glória máxima. No entanto, não costuma ser assim não.

Pior de tudo é saber que, em se tratando de casos mais complexos nos quais se precisa contar com UTI, a porca torce o rabo. Faltam leitos disponíveis para quem precisa deles nas UTI das unidades da rede pública, aqui em toda nossa região. O noticiário está quase que dia sim e outro também nos informando que algo não está nos conformes pelas bandas do serviço público de Saúde. A capacidade de atendimento à demanda deve estar subestimada, só pode ser. Aí ficamos naquela situação torcendo para que algum paciente melhore logo, seja levado para a enfermaria, apartamento ou tenha alta, a tempo do nosso ente querido ser transferido para aquela vaga ansiosamente aguardada e receber daí em diante o tratamento que pode lhe restituir a saúde, a força e o vigor. Que situação dramática! Valei-nos, Pai Eterno!


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