Divino Pai Eterno, Dengue se alastra em Trindade

No primeiro trimestre do ano passado, registrou-se 660 casos; no mesmo período deste ano, até agora, foram registrados 1.101 casos.


Aedes Aegypti transmitindo dengue outras doenças. (Foto: ABr)


A gente ouve falar tanto em Trindade que fulano, beltrano ou não sei mais quem, está com dengue, que chegamos até a pensar tratar-se de exagero do interlocutor. Antes fosse só isso, porém a coisa é seriíssima mesmo. E ainda apareceu a tal da Gripe Influenza. Divino Pai Eterno!

Na verdade, a impressão de estarmos em meio a uma epidemia de dengue corresponde aos fatos, traduzidos em números da própria rede pública de Saúde, responsável pela gestão deste serviço essencial também aos cidadãos trindadenses.

Dados da Prefeitura Municipal, obtidos junto à Seção de Comunicação Social, referentes às notificações de casos suspeitos de Dengue de pacientes cujo domicílio é Trindade, mostram como aumentou espantosamente a ocorrência da doença disseminada pelo indefectível mosquito Aedes Aegypti, no início deste ano.

Considerando-se os três primeiros meses de 2017, no total foram notificados 660 casos e, destes, 122 casos (Janeiro), 275 casos (Fevereiro) e 263 casos (Março). Por conseguinte, em 2018, se registraram 478 casos (Janeiro), 586 casos (Fevereiro) é 37 (Março), totalizando 1.101 casos. Saliente-se que o mês de março tem ainda uns 14 dias pela frente.

Quer dizer, estamos diante de um brutal aumento de 66% dos casos no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Por quê isso está ocorrendo? Onde é que está o erro, nos indivíduos, nas famílias, nos governos, na Prefeitura? Eis aí um excelente tema para o debate no município. Contudo, reina um silêncio perturbador e uma espécie de conformismo diante deste fenômeno que nos aflige.

Continuamos vendo lotes baldios sujos pela cidade, lixo mal acondicionado e muitas vezes esparramado nas ruas, tudo isso servindo de criatório de mosquitos, escorpiões, insetos, ratos, enfim, bichos de várias espécies, poderosos vetores de transmissão de doenças, com destaque para a Dengue, a Zika, Chikungunya e agora a Gripe Influenza, causada pelo vírus H1N1 (por enquanto restrito na Vila São José Bento Cottolengo), para citar essas mais badaladas. Incrível como somos um povo negligente com a limpeza de nossa cidade!

Mas será que o pouco caso do poder público e dos indivíduos quanto à limpeza e higiene públicas é o grande motivo de estarmos, faz tempo, às voltas com a Dengue, por exemplo? O Serviço Público de áreas como meio ambiente, saúde, limpeza urbana, educação, não deviam estar envolvidos em ações conexas mirando o objetivo de criarmos consciência nos habitantes para se conseguir erradicar essas doenças de nosso dia a dia? Vai saber, né? Percebemos sim o marasmo, pouco debate, muito chororô de quem é afetado, no entanto, ações de fato são difíceis de se enxergar.

E para Trindade esse quadro inclusive atrapalha, do ponto de vista econômico, convém destacar. Afinal de contas, o setor que tem movimentado a economia local é a prestação de serviços nas pousadas, hotéis, restaurantes e bares por causa do crescimento do turismo na cidade. E uma horas dessas os turistas podem ficar com medo de vir à cidade louvar e dar graças ao Divino Pai Eterno e retornar aos seus lugares de origem passando mal. Por essas e outras seria muito bom que houvesse maior empenho de todos no combate ao mosquito e as doenças decorrentes de suas estripulias.

Mas já concluindo, enquanto a gente continua sem enxergar solução definitiva para essa situação alarmante, resta-nos, como dizem os antigos, “garrar com Deus”, pedindo sua proteção e ajuda. Por nossa conta e risco mesmo, a coisa vai mal, muito mal. E mais não digo nem me foi perguntado.


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