E ainda e de novo a reforma da previdência


De tempos em tempo fabricam-se no Brasil consensos em tese salvadores da realidade nacional





Houve um tempo no Brasil em que só se falava sobre a então premente necessidade de se debelar o processo inflacionário que corroía a riqueza nacional, sobretudo a parte do dindin que cabia aos assalariados. Demorou a se alcançar a estabilidade da moeda brasileira que foi mudando de nome até chegar a ser o Real, mas pelo caminho, um monte de especialistas em economia e finanças públicas, a maior parte ostentando títulos acadêmicos de Universidades estrangeiras, brincou de feiticeiro e, claro, a conta pelos experimentos foi paga pelo contribuinte, principalmente aqueles cuja parte do Leão do imposto de renda é descontada na fonte, como se diz. De uns tempos para cá, segundo o discurso mais repetido na tal da mídia, o problema, além das saúvas de outrora, é a corrupção dos políticos, lembrando que o povo é muito bom e correto, inclusive os empresários que sempre são levados a pagar propinas, contra a vontade, a homens públicos inescrupulosos. Claro que há uma ironia aqui. Agora ganhou corpo a ideia de que a reforma da previdência será capaz de fazer o Brasil meio que mudar da água para o vinho. Crise econômica, qual o quê! O bode na sala da economia é a previdência. Restirado o estorvo teremos vida abundante nessa “terra em que se plantando tudo dá”. Os argumentadores mais loquazes pró-reforma quase dizem textualmente que “basta aprovar a Nova Previdência saída das mentes dos gênios comandados pelo ministro da Economia Paulo Guedes, que haverá mais dinheiro para resolver os problemas da Educação, da Saúde e talvez até de tudo o mais de errado que está por esse Brasil de meu Deus”. Afinal, o próprio ministro falou que, em uma década após a aprovação da reforma, o governo federal terá uma economia do tamanho de R$ 1,5 trilhão! Como diria o Sílvio Santos, “é dinheiro ou não é, Lombardi?” Mas com o passar do tempo a gente vai ficando desconfiado com esses consensos fabricados ao sabor do momento. No fundo, os grupos instalados no topo da cadeia de comando da máquina pública defendem muito bem os interesses deles, resguardando seus generosos nacos nos orçamentos, para, em seguida, voltarem felizes, realizados, para as respectivas vidinhas de bonança. Não raro, em endereços internacionais e caros. Lembra aquele viral do sujeito dizendo ter vida mais barata mas que não presta? Fecha parêntesis. Enquanto este roteiro segue seu curso, quem vive e trabalha na planície precisa contar e regrar diariamente os tostões com os quais cuida de si e da família. Tem uma diferença brutal nisso aí. Mas, como está escrito naquele texto “Com o tempo a gente aprende”, atribuído ao William Shakespeare, “… plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”


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