Rainha Mulher

por Cristiano Leandro de Souza


A mulher chegou ao terceiro milênio acumulando merecidamente, várias conquistas. Outrora, permaneceu ao longo da história hibernada, enclausurada, sem ação, sem voz, sem respeito, por ter uma imagem, historicamente ligada à ideia de submissão. Eram as famigeradas “Amélias” que persistiam nos lares, com a função de procriar, educar, cuidar da casa, preparar as vestimentas a alimentação, dar carinho, atenção ao marido e aos filhos.

Bel. Cristiano Leandro de Souza é integrante
da Loja Maçônica João Braz, de Trindade
.
A luta das mulheres no Brasil e no mundo tem se pautado pela construção e garantia de direitos. O direito à educação, a votar e ser votada, acesso a cargos públicos, a exercer atividades comerciais, foram os primeiros a serem buscados. Direito à autonomia, à autodeterminação, reconhecimento do seu valor como cidadã, respeito a sua individualidade, liberdade, direito a uma vida sem violência, ainda são objetivos perseguidos.

A maior parte dessas conquistas só foram possíveis porque mulheres corajosas, comprometidas com a Justiça em todas as partes do mundo, antecederam-se nessa luta. Senão vejamos:
1400 – França. Cristine de Pisan questiona a subordinação da mulher na Igreja, defende a igualdade entre os sexos e a mesma educação para meninos e meninas.
1792 – França. Olimpes de Gouges defendeu os princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade pregados pela Revolução Francesa, também para mulheres.
1857 – Tecelãs de uma fábrica de Nova York fizeram greve por melhores salários, menos jornada e melhoria nas condições de trabalho. Violentamente reprimidas, refugiaram-se na fábrica. A polícia e os patrões atearam fogo, causando a morte de 129 operárias.
1911 – Dinamarca – Clara Zetki, feminista alemã, propõe e é aprovado na Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que o 8 de Março fosse considerado o Dia Internacional da Mulher, em homenagem às tecelãs de Nova York. Nessa data, mais de um milhão de mulheres se manifestaram na Europa.

No Brasil, as mulheres também vêm construindo organizações tanto na legislação quanto no cotidiano das relações pessoais, familiares e de trabalho.
1826 – Salvador – O Levante do Quilombo do Urubu foi liderado pela negra Zeferina.
1850 – Mato Grosso – Quilombo de Quariterê foi chefiado pela negra Tereza.

Naquele período, muitas mulheres se destacaram na luta pela abolição da escravatura: Francisca Amália Faria, Ana Benvinda Ribeiro e Marcila Amália, em São Paulo. Maria Tomásia, no Ceará. Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte. Chiquinha Gonzaga, no Rio de Janeiro.

Na fase entre 1900 e 1930 as mulheres trabalhadoras viveram intenso período de greves e mobilizações por melhores salários, redução da jornada de trabalho e pelo fim da exploração sexual.
1917 – É permitido o ingresso de mulheres no serviço público brasileiro.
1928 – Mossoró/RN – Celina Guimarães Viana foi a primeira eleitora brasileira, cujo voto foi autorizado por uma lei estadual que, posteriormente, o Senado Federal revogou.
1934 – A Constituição Federal garante o direito do voto feminino.
1962 – Aprovado o Estatuto Civil da Mulher Brasileira equiparando os direitos entre o casal.
1975 – A Organização das Nações Unidas (ONU) declara o Ano Internacional da Mulher. Realiza a primeira Conferência Mundial sobre a Mulher. Institui a Década da Mulher.
Anos 80 – Surgem no Brasil os Conselhos de Direitos da Mulher, as Delegacias de Mulheres, os Grupos Feministas. Em Goiás, são criados os Centros de Valorização da Mulher (CEVAM), o Grupo Transas do Corpo, o Centro Popular da Mulher, a Pastoral da Mulher e a Comissão Estadual da Mulher Trabalhadora, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Anos 90 – No Brasil, intensifica-se a preparação para IV Conferência Mundial sobre a Mulher, na China. Constitui-se a Articulação de Mulheres Brasileiras. Surge o Grupo Oficina Mulher, o programa interdisciplinar da Mulher, da Prefeitura de Goiânia. Em Trindade, cria-se a Organização Mulheres em Movimento (MOVEM).

Nessa abordagem histórica, ficam excluídos nomes de pessoas e organizações que lutaram pela cidadania da mulher. Este é um desafio para pesquisadores, educadores e demais interessados que se empenharem por tornar visíveis as lutas e resistências das mulheres.

A propósito, o desafio maior é para vocês mulheres: Como assegurar a vocês o direito de viver sem violência, o direito ao prazer e a uma vida saudável? Como construir solidariedade entre vocês? Com que meios serão estabelecidos justiça e a igualdade nas famílias, na escola e na igreja?

Tantas perguntas, tantos desejos... Em outros tempos, as mulheres não tinham o poder de decisão, não buscaram a independência financeira e tinham a horripilante missão de pedir dinheiro aos maridos. Hodiernamente, através de suas lutas, conseguiram libertar das masmorras impostas pelos regimes da época.

Conquistas atrás de conquistas vêm obtendo constantemente, com a Lei Maria da Penha, Delegacia da Mulher e mais recentemente, em março de 2015, a mulher goiana foi agraciada com o Batalhão da Mulher, da Polícia Militar de Goiás, à guisa de proteger a mulher.

Ainda existe perversidade e tirania contra as mulheres. Hão de buscar novas conquistas e deixar de viver o peso de carregar o mundo nas costas e pagar um alto ônus por ter escolhido e aceitado desempenhar múltiplos papéis, porque neste mundo de controvérsias, enquanto umas lutam para mostrar os seios, outras relutam ao esconder o rosto.

Todavia, depois de ter feito tudo, inclusive ter criado o homem, Deus, já experiente, em sua infinita bondade e inteligência, criou a MULHER, a sua obra mais bonita, mais completa. Gostou tanto que resolveu, a partir dali, que todos nasceriam dela e não mais das costelas de Adão. Isso é para lembrarmos que o dia 8 de março é mais que uma simples data, é um dia para refletirmos sobre a mulher e suas condições na sociedade humana. Dotou-a de intuição, versatilidade, emoção, persistência, lógica, ética, visão focada, introspecção, receio, coragem, racionalidade e amor incondicional.

O ventre materno e o colo são as primeiras muralhas que, não apenas defendem a vida e a paz, mas também a constroem. Mulher, princesa por excelência, guerreira por natureza, na labuta pela criação da família e de uma sociedade mais juta e igualitária. Pêndulo de equilíbrio da economia dos lares e das nações, sacerdotisa da meiguice, da sensualidade e do respeito humano. Toda mulher traz, por instinto, o dom de oferecer segurança e proteção. Seja como for, não existe um lugar preestabelecido para a mulher. Lugar de mulher é onde ela achar mais conveniente.

Corroboro quando dizem: “Que ao lado de um grande homem, existe sempre uma grande mulher”. E que: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. De minha parte, não me canso de afirmar, com extrema convicção, que respeito, admiro e venero a mulher e que por gostar tanto dela, estou convicto que saí do ventre de UMA e quero morrer nos braços de OUTRA.

                                                                     

Comentários

Regilani disse…
Parabéns!!!
Este poeta eu conheço...admiro e agradeço pela bela homenagem às mulheres.
Oferecer este espaço para que escritores "anônimos" possam expressar sua arte é louvável e salutar.
Regilani Alves