Um soneto de Gregório de Matos
O Boca do Inferno falava de uma Bahia do século XVII… Gregório de Matos. (Foto: Reprodução/Espaço da Gente) A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um bem frequente olheiro, Que a vida do vizinho e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, Para o levar à praça e ao terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, Trazidos sob os pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados, Todos os que não furtam muito pobres: E eis aqui a cidade da Bahia. O soneto aí em cima é uma crítica ácida sobre usos e costumes de uma Bahia do século 17 e foi escrito pelo baiano Gregório de Matos Guerra (1636-1696), c o nsiderado o mais importante poeta satírico do Brasil Colônia e também Barroco. Gregório foi advogado e e ra conhecido como o “Boca do Inferno” por satirizar os costumes do povo, de autoridades e nobreza. T