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Quando as luzes se apagam – Uma crônica sobre caráter, moral e vigilância

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No silêncio onde o caráter mora. Na escuridão onde a consciência é testada. Porque ali, quando ninguém vê, é onde nasce o verdadeiro eu. Comendador Marcelo Lopes, articulista. (Foto: Divulgação) ARTIGO | Comendador Marcelo Lopes é psicanalista e empresário Na rodovia, eu viajo. Mas quem realmente se move é o meu medo. Não do acidente. Do radar. Olho mais para o velocímetro do que para o horizonte. Um aparelho frio define se sou cidadão de bem ou infrator. E adiante, um guarda se esconde atrás da moita como se fosse um caçador de pecados sobre rodas, luneta em punho, esperando o deslize. Chego à cidade e o cenário se intensifica. Câmeras por toda parte. Uma verifica se respeitei a faixa de pedestres. Outra confere se avancei no amarelo. Sensores para velocidade, ruído, emissão de gases, tempo de estacionamento. Inteligências artificiais identificam minha face, minha pressa, minha distração. O criminoso carrega uma tornozeleira. Mas e eu? E você? Quantas tornozeleiras invisíveis nos cer...

Entre Tom & Jerry e a cuíca da pátria amada

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E no final da festa, quando o último tamborim silencia, um verso resiste, rouco, teimoso, suado de verdade: “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” Marcelo Lopes é também psicanalista e cronista. (Foto: Divulgação) CRÔNICA | Comendador Marcelo Lopes , empresário e presidente do Rotary Club de Trindade Era uma festa estranha, com gente esquisita. Eu não estava legal, mas também… quem tá? A política dançava quadrilha com o cinismo e o Brasil assistia de camarote - sem ingresso, sem pipoca e sem paciência. No centro do salão, Tom berrava. Bravinho, valente, cheio de si. Corria atrás de Jerry, o rato escorregadio, que já conhecia cada fresta do sistema e roía sorrindo os fios da esperança. Tom tropeçava na própria arrogância, enquanto Jerry escapava, sorrateiro, com um queijo na mão e dois no bolso. Um gritava por justiça; o outro cochichava em códigos. Um tentava botar ordem; o outro já tinha o caos no bolso de trás. E a trilha sonora do fundo dizia: “Nas favelas, no Senado, sujeira...