Voto em lista fechada e financiamento público de campanha, nem pensar

Reforma política em gestação na Câmara dos Deputados pode tirar poder do eleitor



(Imagem: Arquivo do Google)



Menino véi! Esses caras da política brasileira não desconfiam nunca, jamais. Agora deram de falar em reforma política com o objetivo claro de ajeitar recursos financeiros para a campanha eleitoral, tentando implantar uma espécie de voto nas chapas dos partidos o que, na prática, cerceia o direito do eleitor escolher o seu candidato nas eleições proporcionais (vereador e deputados). Os caciques das legendas, nessa hipótese, fariam a lista de candidatos estabelecendo a ordem de preferência deles. Gosto disso não.

Quer dizer, no caso de eleição para deputado estadual em Goiás onde temos 41 parlamentares “labutando diária e incansavelmente pelo bem do povo goiano na Assembleia Legislativa”, o partido apresentaria sua lista com os 41 nomes dos candidatos, ordenados segundo o interesse partidário. Ao eleitorado caberia votar no rol produzido pelas direções dos partidos que andam merecidamente com a credibilidade ao rés-do-chão, vale lembrar.

Ah, sim! Em tempo, idêntica sistemática valeria para a eleição de deputado federal, destacando o fato de Goiás contar com 17 vagas na Câmara dos Deputados, em Brasília. Sabemos todos que podemos nos valer sempre daquelas 17 criaturas de meu Deus que estão lá no poder central, no coração da República Federativa do Brasil, trabalhando diuturnamente “na defesa dos mais legítimos interesses nacionais”. Na teoria essa coisa toda é muito bonita.

Ademais, o que os principais líderes políticos também estão de olho é no dindin público para financiar as campanhas eleitorais até aqui caras demais da conta, apesar da existência de um robusto fundo partidário, que para este ano de 2017 está previsto em fantásticos R$ 819 milhões. E “suas excelências” querendo porque querendo botar a mão em mais grana do distinto contribuinte que já não aguenta mais assistir a tanta malversação do dinheiro público nesta terra na qual dia sim e outro também descobrimos mais falcatruas perpetradas contra os cofres da “Viúva” (nas três esferas de poder), um nefasto resultado do conluio entre políticos e empresários. Brincadeira, né não?

Olha, a forma pela qual atualmente elegemos vereadores e deputados não é a melhor nem a ideal, evidentemente. Apesar dos pesares, o eleitor sabe em quem está votando e, pelos cálculos que levam ao quociente eleitoral, muitas vezes seu voto no candidato A termina elegendo o concorrente B. Logo, que se corrija isso, mas quem deve dar a palavra final, ter o seu direito de escolha respeitado, é “sua excelência, o eleitor”. Não dá para retirar esse direito do povo e delegar isso às cúpulas partidárias, pelo amor de Deus!

Na verdade, desde que o Brasil retomou a democracia, pela realização de eleições periódicas, amplas e gerais, sob os ditames da Constituição Federal de 5 de Outubro de 1988, ainda não conseguimos realizar dois pleitos com as mesmas regras, o que tornaria a disputa eleitoral algo mais estável. Ao sabor de interesses da ocasião, vão mexendo na legislação, apelidando isso de reforma que, na prática, não passa de mudança casuística. Então, se não é para fazer algo a sério, melhor deixar como está e que as autoridades tratem de disciplinar o aspecto do financiamento das campanhas sem essa de querer espetar mais uma conta nos bolsos dos contribuintes.

Certamente, não me incluo entre os que desejam financiamento público de campanha. Na minha opinião, todos, pessoas físicas e jurídicas, podem fazer doações para os partidos e não para os candidatos. As legendas é que deveriam receber as doações, administrá-las e sempre com tudo, tudo, esmiuçadamente declarado à Justiça Eleitoral, que precisa fiscalizar mais e da melhor forma também. Doação para partidos, penso, não deveria ter sigilo algum, inclusive e principalmente o bancário. Isso facilitaria a fiscalização da movimentação financeira das legendas e daria mais transparência e credibilidade para as disputas.

Por essas e outras vou dizendo assim sem maiores rodeios, mesmo sabendo que ninguém me perguntou nada a respeito disso, que sou contra financiamento público de campanha e de igual modo reprovo essa tentativa de se implantar voto em lista para elegermos vereadores e deputados. Pronto falei. É isso aí!


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