O Globo que não para de girar
Uma crônica poética sobre atrito, permanência e o lento polimento da alma ARTIGO | Comendador Marcelo Lopes é escritor, empresário, maçom e rotariano Eu me lembro bem do dia. Não foi um dia épico. Foi um dia de poeira, papel assinado, graxa suja e uma intuição sem manual. Duas betoneiras gigantes. Duas. Compradas no interior de Goiás . Uma operação que parecia exagerada para quem olhava de fora, mas absolutamente necessária para quem sabia que certas coisas grandes não se movem sozinhas. Foram guindastes, carretas especiais, batedores bem posicionados, e dois técnicos em eletricidade acompanhando o trajeto, porque em alguns pontos foi preciso erguer a fiação, como quem pede licença ao céu para permitir a passagem do que não cabe na rotina da cidade. À primeira vista, lembravam betoneiras de obra. O mesmo desenho. A mesma lógica. Mas em uma escala quase insolente. Motores de 50 kW, capazes de girar cerca de cinco metros cúbicos por ciclo. Máquinas que não nasceram para mist...