Cuco, Cuco, Cuco... Ele chega quando a casa menos espera
Um conto — ou o canto — de uma estrutura perversa. Uma análise psicanalítica do Cuculus canorus — o cuco que abandona sua cria ao outro e, nesse gesto, revela na natureza o espelho inquietante das estruturas que parasitam a alma humana. ARTIGO | Comendador Marcelo Lopes , psicanalista, empresário, maçom e rotariano, escritor com vários artigos e livros publicados Sabe aquele relógio de parede que carrega um mistério quase infantil? O relógio de cuco, nascido na Alemanha do século XVIII, lá na Floresta Negra, terra úmida de pinheiros e artesãos obstinados. De hora em hora, uma janelinha se abre, e um pequeno pássaro mecânico surge, anunciando o tempo com seu cuco repetido — uma vez para cada hora. A cena é inocente. A engrenagem é simples. Mas o símbolo… ah, o símbolo sempre esconde uma natureza. O relógio de cuco é encantador porque imita um pássaro que, na vida real, guarda um dos comportamentos mais estranhos — e mais perturbadores — da natureza. O Nascimento do Int...