Escrever e publicar: uma jornada de coragem e autonomia
Ser escritora no Brasil é também uma forma de resistir, de partilhar nossa visão de mundo e de deixar uma marca que ultrapassa o papel
REFLEXÃO | Flavia Camargo é advogada formada pela UFRJ, mãe de três filhos e autora de sete livros, sendo o de estreia “Diferenças em Comum” (Editora Giostri, 2010) e foi finalista do Prêmio Ecos de Literatura com o livro “Quatro Letras” (Editora Albatroz, 2024). Sua mais nova obra é o romance epistolar “Enquanto Vocês Crescem – As cartas de amor de uma mãe”.
Desde pequena, eu sabia que queria escrever livros. Aos cinco anos, na casa da minha avó, peguei um livro e disse que faria um daqueles quando crescesse. A palavra escrita sempre me fascinou — e ainda fascina.
Na adolescência, escrevi meus primeiros livros, mas só aos 26 anos levei a sério o desejo de publicar. Sem conhecer ninguém no meio literário, pesquisei editoras, enviei originais, recebi respostas ou o silêncio típico. Publiquei com diferentes editoras, mas percebi que a divulgação e venda ficavam a meu cargo. Isso me fez refletir: e se eu assumisse também esse controle?
Descobri que é possível publicar de forma independente, mantendo a autonomia sobre o livro, os direitos e os ganhos. Optei por esse caminho e, com sete livros publicados, aprendi a confiar na minha capacidade, a apostar em mim mesma. A escrita me transformou, ajudou a vencer a timidez e me conectou com leitores que encontraram nas minhas palavras conforto e significado.
Meu livro mais difícil foi Quatro Letras, que fala da perda do meu filho Igor. Expor essa dor foi um desafio, mas também uma cura. Agora, lanço Enquanto Vocês Crescem – As cartas de amor de uma mãe, onde registro minha jornada materna em cartas escritas para meus filhos ao longo de uma década. É um relato de amor, aprendizado e também de luto — pois a maternidade é tudo isso, ao mesmo tempo.
Ser escritora no Brasil hoje exige coragem e perseverança. É um trabalho diário, silencioso, que exige acreditar no valor das próprias palavras. Mas é também uma forma de resistir, de partilhar nossa visão de mundo e de deixar uma marca que ultrapassa o papel.
Para quem sonha em publicar, digo: comece. O caminho se abre ao longo da caminhada. O importante é atender a esse chamado que vem do coração.
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