Juros altos no Brasil: Um risco real à saúde financeira
Saiba o que isso significa na prática para o cidadão comum
Ilustração com imagem do Canva
ARTIGO | Manoel Souza Costa é Administrador, Diretor da AFABB-DF e Conselheiro da FAABB
O Brasil ocupa uma posição de destaque — e preocupação — no cenário global quando o assunto é taxa de juros. Com a taxa Selic em 15% ao ano, o país figura entre os líderes mundiais tanto em juros nominais quanto reais, ficando atrás apenas de nações como Turquia e Argentina. Mas o que isso significa na prática para o cidadão comum?
O “Aluguel do dinheiro” e seu impacto
Juros são, em essência, o “aluguel do dinheiro”. Quem empresta, recebe uma remuneração pelo tempo em que fica sem o recurso. Quem toma emprestado, paga por essa conveniência. No Brasil, essa relação tem se tornado cada vez mais desequilibrada.
Segundo levantamento da plataforma MoneYou, o juro real brasileiro — descontada a inflação — está em 9,53%. Isso coloca o país como o segundo maior do mundo nesse quesito. E quando se observa o juro nominal, o Brasil ocupa a quarta posição, atrás de países com economias em crise ou instabilidade.
Crédito caro, dívida alta
A situação se agrava quando se analisam as taxas praticadas pelo sistema financeiro. Dados do Banco Central revelam que o rotativo do cartão de crédito alcança impressionantes 449,9% ao ano, enquanto o cheque especial chega a 134,7%. Mesmo modalidades consideradas mais “acessíveis”, como o crédito consignado, apresentam taxas médias de 26,5% ao ano.
Esses números contrastam fortemente com o crescimento da renda da população. Em 2024, o IPCA — índice oficial de inflação — foi de apenas 4,83%, o que significa que os ganhos dos trabalhadores, aposentados e autônomos não acompanham o custo do crédito.
A inadimplência como reflexo
O resultado dessa equação é alarmante: 77 milhões de brasileiros estão inadimplentes, segundo pesquisa da Serasa. Isso representa 47,33% da população adulta do país. A falta de planejamento financeiro, aliada ao custo elevado dos empréstimos, tem levado milhões ao endividamento crônico.
Por que os juros são tão altos?
Diversos fatores explicam essa realidade:
Combate à inflação: O Banco Central eleva a Selic para conter a alta de preços, encarecendo o crédito.
Endividamento público: A dívida elevada gera desconfiança, e investidores exigem juros maiores para aplicar no país.
Spread bancário: A diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram nos empréstimos é uma das maiores do mundo, influenciada por inadimplência, impostos, custos operacionais e baixa concorrência.
O alerta final
Juros altos são um risco real à saúde financeira dos brasileiros. Sem planejamento e controle, o crédito pode se transformar em uma armadilha. É fundamental que os consumidores estejam atentos, busquem educação financeira e evitem decisões impulsivas.
No próximo artigo, daremos continuidade a esse tema, explorando alternativas e estratégias para lidar com esse cenário desafiador.
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