Pré-candidatos em profusão e escassez de propostas de governo


Na chamada pré-campanha temos fulanos demais e um deserto de ideias a respeito do que fazer para melhorar a qualidade de vida da população




O internauta antenado nas tricas e futricas da política local já deve ter percebido nomes de pré-candidatos a prefeito de Trindade em profusão, nessa fase que muitos chamam de pré-campanha. Normal, uai. Afinal de contas, estamos em ano de eleições municipais para elegermos o prefeito, seu dileto vice e 19 vereadores, falando da realidade da “Capital da Fé”, com seus mais de 127 mil habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso do pessoal interessado no cargo de prefeito tem muita gente se lançando na aventura, o que na opinião deste blogueiro, é até bom. Ora, mais opções para o distinto público analisar, discutir, sugerir, decidir, optar e votar lá no Domingo, 4 de outubro vindouro. No entanto, sabe-se ou suspeita-se também que várias pessoas que se dizem agora pré-candidatas estão mesmo de olho numa negociação política logo ali na frente e sem muita dificuldade vão “abrir mão” da postulação em troca de uma outra coisa qualquer. A vaga de vice na chapa de outro candidato, por exemplo. Ou, vá lá, uma candidatura a vereador com apoios mais fortes, digamos.

Senhoras e senhores, assim “de boa”, como se diz por aí, uma coisa da qual sinto muito falta mesmo, tem a ver com propostas de governo circulando aí no mercado da política. Cadê proposta, projeto? “Onde estás que não responde”. Por quê cargas d’água o pré-candidato X deseja ser prefeito de Trindade? O que, no poder, pretende fazer? Ninguém sabe, na verdade. Percebemos muito claramente que os diversos pré-candidatos querem porque querem, porque querem mesmo assumir o comando da Prefeitura de Trindade. Simples assim.

A gente presta um pouco de atenção na conversa de quem diz ser pré-candidato a prefeito e não consegue encontrar uma linha coerente de raciocínio capaz de conduzir, um pouco mais adiante, até a construção de um projeto de governo. Lamentável. Quando se pergunta mais especificamente a algum político a respeito do que ele pretende fazer, a resposta é pura enrolação. “Estamos discutindo e vamos elaborar nossa proposta para apresentar na campanha”, já ouvi isso demais da conta. E o mesmo se aplica a muitos dos que se lançam à disputa pelo cargo de vereador.

Claro que o momento não é de se chegar com um plano pronto e acabado, mas ao menos aqueles pré-candidatos de ponta deveriam emitir ao eleitorado uma sinalização do que pretendem executar caso venha a ser eleito, ora pois. Uma outra instância que precisava também se manifestar, neste sentido, são as presidências dos partidos, mas ali reina o mais ensurdecedor e incômodo silêncio. Por quê a legenda A defende a candidatura do fulano em detrimento da postulação do sicrano? Qual a diferença aí? Ninguém vem a público falar a respeito, eis a verdade.

Sem maiores rodeios vivemos numa espécie de deserto de ideias dos políticos. Não se sabe, de forma concreta e objetiva, o que aquele político ali, aquela política acolá, querem realizar caso “sua excelência, o eleitor” vote em maioria num ou noutro, conduzindo-o ao poder. O que se quer é melhor qualidade de vida para a população como um todo, mas como se chega a esse estágio? Líder político algum, até o momento, disse coisa com coisa, apareceu dizendo o caminho a seguir, os recursos a serem empregados, a forma de se gerir a coisa pública para se alcançar o estágio de uma vida melhor no município.

Na prática, os políticos gastam tempo e energia apenas buscando o partido que melhor lhe acomode, bem como aos respectivos interesses, e vão todos juntos pedir votos. Alguns dizem que têm projeto novo, uma forma diferente de fazer política e vamos que vamos. Tomara que surja aí no horizonte algo de fato diferente do mais do mesmo a que parece estarmos condenados. E o pior é que a mudança não vai acontecer tão-somente por obra e graça dos políticos, convém que a sociedade se movimente neste sentido e passe a cobrar uma nova e melhorada, mais transparente ao menos, prática política no Brasil, em Goiás e em Trindade inclusive. É isso aí, mais não digo nem me foi perguntado.


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