Observatório Marista do Clima, COP30 e a urgência da educação climática
É nosso dever traduzir a complexidade do clima para a realidade cotidiana da cidade, do bairro, da escola
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| Professora Lívia Mendes, de Goiânia. (Foto: Reprodução) |
ARTIGO | Lívia Mendes É professora de Geografia do Colégio Marista Goiânia
Participar da imersão do Observatório Marista do Clima (OMC) e da COP30, em Belém, foi um convite para refletir sobre o papel da educação diante da crise climática. Como professora de Geografia, reencontrei no espaço da conferência e no encontro dos Observadores do Clima, razões profundas para afirmar que a escola é hoje um dos territórios mais potentes para a ação climática no Brasil.
Minha trajetória com o Observatório Marista do Clima, desenvolvido ao longo de 2025 no Colégio Marista Goiânia, já havia demonstrado a força da mobilização escolar. Reunimos estudantes dos Anos Finais e do Ensino Médio para mapear problemas, formular diagnósticos, construir soluções e discutir letramento e justiça climática. Cada reunião semanal revelava algo essencial: nossos jovens querem compreender o mundo e transformá-lo. Faltam-lhes, muitas vezes, espaços de formação e confiança. Orientados pelo OMC criamos esse espaço e ele floresceu.
A participação na COP30 ampliou esse horizonte. A Zona Verde, com sua pluralidade de vozes, culturas e experiências, evidenciou que a crise climática não admite respostas isoladas. Ali, convivemos com educadores, cientistas, representantes do Governo, comunidades tradicionais, jovens, muitos jovens, e organizações internacionais que partilham o mesmo propósito: fortalecer a justiça ambiental e garantir um futuro possível. Podemos afirmar a partir disso que sim! ”Vamos precisar de todo mundo!”
Entre as experiências mais marcantes esteve a visita a uma comunidade quilombola ribeirinha às margens do Rio Guamá. Os seus modos de vida e a relação íntima com o território, a possibilidade de travessia na Floresta, ensinaram mais do que qualquer livro poderia registrar. A Geografia, afinal, nasce do encontro entre as pessoas, o povo e os lugares. Ali compreendi, com clareza renovada, que a educação climática é uma educação para o pertencimento, responsabilidade e cuidado.
O retorno para a escola traz um compromisso ampliado. A educação climática é estruturante na nossa prática pedagógica. Precisamos formar estudantes capazes de interpretar dados, compreender desigualdades socioambientais, reconhecer vulnerabilidades locais e agir com consciência coletiva. É nosso dever traduzir a complexidade do clima para a realidade cotidiana da cidade, do bairro, da escola.
A imersão na COP30 reforçou, também, o valor da ação local. Ver estudantes de diferentes regiões do país compartilhando projetos, inquietações e soluções mostrou que a esperança não é um conceito abstrato, mas que ela se materializa quando há encontro, escuta e colaboração. O que chamamos de Esperança Ativa nasce justamente do reconhecimento de que ninguém transforma o mundo sozinho.
Volto para Goiânia fortalecida, nutrida pela Floresta, pelos abraços calorosos trocados e pela certeza de que ensinar Geografia é, sobretudo, cultivar o sentimento de pertencimento à nossa Casa Comum. A escola pode ser uma protagonista na construção de sociedades mais sustentáveis. E nós, professores, temos a missão urgente de manter abertas as janelas da esperança, para que cada estudante descubra seu papel na construção de um futuro possível.

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