E de novo falando sobre a insegurança pública da atualidade

Falando hipoteticamente sobre um possível episódio de assalto no comércio



Daí o cidadão está em seu estabelecimento comercial, um pequeno supermercado, digamos, trabalhando duro para conseguir dinheiro a fim de pagar aquela infindável lista de tributos e retirar a parte que lhe cabe no faturamento das vendas, que ninguém deve trabalhar de graça. Do nada, aparecem bandidos que, de armas em punhos e disposição friamente calculada para usá-las, anunciam o assalto.

“Perdeu, parceiro. Passe o dinheiro logo”, é mais ou menos assim a argumentação da bandidagem quando rouba ao vivo e em cores. O manual da boa vítima instrui o “mané” da ocasião a não reagir, vale lembrar, e a entregar tudo que o ladrão armado quiser levar consigo. Ah, sim, pode rezar também para não ocorrer nenhuma violência. Do bandido contra o assaltado, evidentemente. E lá se foi o dinheiro do dia, no caso. Prejuízo no bolso, na certa. Queixar-se à polícia ou ao papa muitas vezes acaba dando na mesma, quer dizer, em nada.

Menos de um mês se passa e a cena volta a se repetir na mesma locação, idêntico cenário, os mesmos personagens. O roteiro igualzinho desde o início ou reinício, vá lá, até que o sujeito ao ser roubado novamente e com sangue fervendo nas veias, num acesso de fúria que lhe embotou os sentidos, agiu fora daquilo que consta do manual da boa vítima. Ou seja, o “pato” revidou, pegou os bandidos de surpresa, desferiu um sopapo num dos marginais, enquanto que o outro se afastou mas não perdoou. O meliante botou o cano de ferro para cantar aquela melodia que sempre provoca estragos e causa tristeza e dor, a física, a moral, a espiritual. Quem levou a pior, o “pato” do episódio, claro, foi e, quase sempre acaba sendo, o comerciante.

Dos 4 ou 5 tiros disparados pelo bandido que saiu em desabalada correria com sua potente moto 125 cilindradas, 2 tiros acertaram o empreendedor, homem trabalhador e absolutamente aplicado à gestão do seu pequeno negócio. Além disso, o cara é pai de família, casado e 2 filhos ainda adolescentes. Na saraivada de tiros, uma bala atravessou-lhe a região abdominal sem provocar maiores estragos. No entanto, um outro tiro acertou a coluna vertebral. Bem, olha só a proporção que a coisa toda acabou ganhando. Protegidos pelo diabo, parece, os dois bandidos conseguiram sair ilesos da ação criminosa, porém o dono do pequeno supermercado terminou ferido e com muita gravidade.

A partir de agora, o ferido iniciará a Via Crucis por hospitais e clínicas para tentar ficar vivo, primeiramente. Na sequência, virá o tratamento para restabelecer a saúde e torcer e rezar e pedir ao Divino Pai Eterno bênçãos infinitas para que o ferimento provocado não tenha sido assim tão grave como ficou parecendo imediatamente após a ocorrência. Quanto aos bandidos, esses devem seguir em liberdade disseminando o mal a torto e a direito por esse mundo afora. Medo da punição é nenhum e a certeza de que os brasileiros são bonzinhos demais tem deixado a bandidagem tupiniquim cada vez mais ousada e abusada no cometimento de crimes. Tristes dias esses em que estamos vivendo.

Pior de tudo é saber que tem autoridade por aí trabalhando com a ideia de que essa insegurança pública dos tempos atuais é mais uma coisa de “sensação” por causa das matérias jornalísticas relatando a violência urbana publicada frequentemente pela imprensa. Esse tipo de comportamento me faz lembrar uma frase do escritor e sociólogo francês, Roland Barthes (1915 – 1980): “Não é que os políticos não vejam a solução. O que eles não enxergam é o problema”. Pois é, pois é, pois é!

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