Quando as luzes se apagam – Uma crônica sobre caráter, moral e vigilância

No silêncio onde o caráter mora. Na escuridão onde a consciência é testada. Porque ali, quando ninguém vê, é onde nasce o verdadeiro eu. Comendador Marcelo Lopes, articulista. (Foto: Divulgação) ARTIGO | Comendador Marcelo Lopes é psicanalista e empresário Na rodovia, eu viajo. Mas quem realmente se move é o meu medo. Não do acidente. Do radar. Olho mais para o velocímetro do que para o horizonte. Um aparelho frio define se sou cidadão de bem ou infrator. E adiante, um guarda se esconde atrás da moita como se fosse um caçador de pecados sobre rodas, luneta em punho, esperando o deslize. Chego à cidade e o cenário se intensifica. Câmeras por toda parte. Uma verifica se respeitei a faixa de pedestres. Outra confere se avancei no amarelo. Sensores para velocidade, ruído, emissão de gases, tempo de estacionamento. Inteligências artificiais identificam minha face, minha pressa, minha distração. O criminoso carrega uma tornozeleira. Mas e eu? E você? Quantas tornozeleiras invisíveis nos cer...