Obesidade e excesso de peso: um olhar para Trindade e para o Brasil

O objetivo principal não é apenas a perda de peso, mas promover hábitos saudáveis e, consequentemente, cuidar do coração, da mente e da qualidade de vida

Dr. Petrônio Gentil: Cuidar do peso requer comprometimento.


ARTIGO | Dr. Petrônio Gentil de Souza é médico obstetra e ginecologista

A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, resultado da interação entre fatores genéticos, comportamentais, sociais e ambientais. Sua prevalência vem aumentando em ritmo acelerado no Brasil e no mundo, representando um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.

O impacto é amplo: além de aumentar o risco para doenças cardiovasculares — como infarto e acidente vascular cerebral (AVC) —, diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, a obesidade compromete a qualidade de vida e a saúde mental. Em crianças e adolescentes, o quadro é ainda mais preocupante, pois muitos carregarão a doença e suas complicações por toda a vida.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, mais da metade da população adulta brasileira apresenta excesso de peso e aproximadamente um em cada quatro adultos vive com obesidade. Essa realidade também se reflete em nível local. Em 2024, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) para o município de Trindade, foram registrados 18.318 atendimentos de adultos. Dentre eles, a prevalência de excesso de peso foi de 71,6%, sendo 37,6% já classificados na faixa de obesidade.

O enfrentamento desse cenário está alinhado a metas globais, como a redução das mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), prevista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e incorporada ao Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil. Com escuta ativa, capacitação contínua dos profissionais de saúde e uma abordagem integrativa centrada no paciente, é possível avançar em direção a esse objetivo.

O tratamento da obesidade envolve múltiplos profissionais — médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos, fisioterapeutas e enfermeiros — atuando de forma integrada. As estratégias incluem terapia comportamental, mudanças no estilo de vida, tratamento medicamentoso e, em casos específicos, cirurgia bariátrica ou metabólica. Mais do que a perda de peso, o objetivo é promover hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e a prevenção do tabagismo e do consumo abusivo de álcool.

Cuidar do peso é também cuidar do coração, da mente e da qualidade de vida. Trata-se de um esforço coletivo que requer comprometimento individual e apoio profissional, para que cada pessoa possa viver mais e melhor.

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