O que seus olhos não veem decide mais do que você imagina
Entenda a linguagem silenciosa por trás das suas escolhas e do comportamento humano para decisões mais assertivas em pessoas e negócios
Iraci Bohrer: O que seus olhos não veem... (Foto: Divulgação)
ARTIGO | Iraci Bohrer é autora do livro O jogo invisível das decisões, mentora, empresária, palestrante internacional e criadora do método exclusivo Leitura do Invisível
Tudo começa em nós. Quanto mais você aprofunda o olhar sobre si e o comportamento humano, mais percebe que a linguagem invisível é a raiz silenciosa por trás de muitas decisões, suas e dos outros. É no que não é dito que moram os verdadeiros motivos das ações, das reações e das conexões ou afastamentos entre as pessoas.
Compreender essa linguagem é sair do superficial e transformar cada conversa, reunião ou entrevista em uma leitura mais profunda do que realmente está em jogo, e ter essa consciência afia o seu olhar. E quanto mais ele se torna preciso, mais assertivas são as decisões sobre pessoas e negócios.
No mundo corporativo, o maior obstáculo para identificar o talento certo nem sempre está nos candidatos, muitas vezes, está no próprio líder. Uma mente sobrecarregada, em modo automático ou tomada por tensões, não percebe sutilezas. Ignora sinais importantes presentes na comunicação não verbal.
A clareza para decidir bem sobre pessoas começa na clareza emocional e mental de quem lidera. Só enxerga o invisível quem está presente. Só decide com precisão quem consegue silenciar o ruído interno e observar além do óbvio.
Quando o líder está imerso em pressões e bloqueios não resolvidos, sua percepção se estreita. Passa a ver o outro por filtros inconscientes, repete padrões automáticos e toma decisões baseadas no medo, no passado ou na urgência em vez de avaliar a real compatibilidade entre pessoa, equipe e desafio.
Depois de tudo isso, talvez você esteja se perguntando: existe a pessoa ideal? Existe um corpo perfeito, sem traumas? Existe alguém totalmente resolvido emocionalmente? A verdade é que todos carregamos marcas, o que muda é a forma como lidamos com elas.
E se decidir bem não for sobre escolher o melhor, mas sim quem faz sentido para o momento? E se a melhor pessoa para o cargo for justamente aquela que aprendeu com as próprias cicatrizes? Decidir bem não significa escolher a pessoa ideal, mas sim quem sustenta o que é, no aqui e agora.
Calma, eu explico: todos temos traumas, muitos deles desde a mais tenra idade, e o que varia é a intensidade com que esses traumas se manifestam. E à medida que são reconhecidos e ressignificados, o corpo muda, e sua estrutura fisiológica acompanha essa transformação.
Talvez a pergunta que ecoa é como escolher entre o que parece mais promissor e o que realmente faz sentido no currículo, no time ou nos negócios. E a resposta não está no que brilha mais. Está no que sustenta. O mais promissor pode encantar no papel, impressionar na fala, se destacar nos números, mas a verdadeira escolha está na coerência entre discurso, presença e prontidão.
É por isso que a leitura do invisível importa, ela revela o que os olhos não mostram à primeira vista: a intenção por trás da fala, o peso que a pessoa carrega, o quanto ela está presente de verdade no aqui e agora.
Decidir bem não é sobre escolher o que agrada mais num primeiro momento, mas quem tem estrutura para caminhar junto com você no que vem depois.
E, no fundo, essa é a essência de toda escolha humana que dá certo: sentir que, mesmo imperfeita, a pessoa está ali inteira. Pronta. Sustentando quem é.
Existe alguém sem traumas? Não. Todos carregamos histórias, experiências, bloqueios, dores e defesas. O que muda é o nível de consciência de cada um. Por isso, antes de decidir bem sobre pessoas, olhe para a sua real necessidade e então, com os pés firmes no chão, e na realidade, coloque o coração em modo avião, porque escolher bem exige mais do que técnica, exige presença, coragem e verdade.
Decidir bem sobre pessoas não é buscar quem não erra, quem nunca caiu ou quem parece perfeito no papel. É saber identificar quem está pronto para ocupar um espaço com inteireza, coerência e abertura para crescer. Porque, no fim, o corpo não exige perfeição, ele exige verdade.
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NOTA: Artigos publicados neste espaço trazem ideias e opiniões de quem os assinam e não do titular deste blog.
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