Campanha eleitoral sem graça toda vida mas até violenta está terminando

A violência da campanha municipal no Brasil deve ficar na lembrança de todos ao invés das inovações estabelecidas para este ano



Sem exagero algum pensava-se que as eleições municipais deste ano seriam lembradas pelo tempo mais curto de campanha e a proibição de doações feitas por pessoas jurídicas, empresas, aos candidatos a vereador, vice-prefeito e prefeito. Afinal de contas, essas foram as inovações que a genialidade política e jurídica "deste país" achou por bem promover, segundo os discursos-justificativas dessas mexidas nas regras do jogo para a disputa das eleições do próximo dia 2 de outubro. Sei não, mas a coisa não saiu muito bem conforme o imaginado por suas excelências nos gabinetes de Brasília.

O fato que roubou a cena e deverá permanecer do imaginário de todos tem a ver com a violência exacerbada verificada na campanha que terminará, na prática, hoje mesmo. Desde o início da atual temporada de caça ao voto, no começo do mês de agosto, pelo menos 20 candidatos a prefeito e vereador foram assassinados no Brasil, segundo levantamento do Congresso em Foco, que lembra o fato de terem sido registradas ocorrências em 12 estados brasileiros, enquanto que o Rio de Janeiro foi palco da maior incidência de casos, com 11 mortes.

A ocorrência mais recente foi o assassinato de José Gomes da Rocha (PTB), candidato a prefeito de Itumbiara, baleado por um servidor da Prefeitura da cidade, Gilberto Ferreira do Amaral (53), enquanto participava de carreata no final da tarde desta quarta-feira (28), onde também estava o vice-governador de Goiás, José Eliton (PSDB), então no exercício do cargo de governador do Estado, que foi atingido na barriga, operado e encontra-se internado em Hospital de Goiânia, ao lado do advogado Célio Rezende, ex-secretário municipal de Comunicação de Itumbiara. O autor do atentado foi morto pelos seguranças dos políticos e o cabo da Polícia Militar, Vanilson José Pereira, morreu também no local.

Preocupado com a segurança durante a realização das eleições no próximo domingo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou o envio de tropas federais para 307 municípios em 14 estados brasileiros. Melhor assim, né? Já que ainda temos gente se utilizando de violência nos embates democráticos, convém botar a força armada do Estado nas ruas para, quem sabe, intimidar um pouco os “valentões” espalhados por aí. Só lembrando que o elemento que sai de casa disposto a matar, o faz à luz do sol mesmo, no meio da multidão, como ocorreu em Itumbiara.

Água com açúcar
Como já se disse nesta notinha, a campanha eleitoral deste ano terminará, na prática, hoje à noite aqui em Trindade, quando os principais concorrentes deverão promover atividades como comícios que, hoje em dia, vale destacar, não atraem mais povo. Na maioria dos eventos políticos, noves fora os próprios candidatos, seus apoiadores, familiares e amigos próximos, pouquíssima foi a audiência que então se fez presente. Para esta sexta-feira (30) estão programadas apenas carreatas para funcionar como o ponto final da temporada de caça ao voto na “Capital da Fé”.

No sábado (1) nada deve acontecer, mas houve um tempo em que as madrugadas imediatamente anteriores ao dia das eleições eram muito movimentadas. O folclore das campanhas passadas dão conta de que era justamente ali na calada daquelas noites que acontecia uma séria de ações, distribuições de cestas de alimentos e remédios, transporte clandestino de eleitores, entrega de um e outro agrado de algum candidato aos eleitores. Dizem que havia uma espécie perseguição, tipo gato e o rato. O partido “A” destacava pessoas para ficarem de olho nas andanças dos adversários da legenda “B”. Pois bem, mas isso é coisa do passado, não ocorre mais coisas assim nos dias de hoje, não é verdade? Que bacana!

E para terminar esse "prosório" aqui, uma constatação óbvia demais da conta, internauta que vez por outra nos prestigia com sua visita. A campanha eleitoral 2016 foi muito água com açúcar, sem graça toda vida, debates de ideias e propostas foi o que menos se viu e apenas o barulho de sempre, foguetes pipocando nos céus da cidade como trilha sonora das movimentações de candidatos, também embalados por jingles enjoativos demais da conta. E mais não digo nem me foi perguntado.


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