Reforma da previdência, um jeitinho para políticos continuar se dando bem

Em nome do equilíbrio do gasto público governo e parlamentares entabulam boas negociações e o trabalhador que se lasque


Dep. Arthur Maia fez seu papel de relator: Trabalhadores vão aposentar mais tarde.


A Comissão da Reforma da Previdência (Proposta de Emenda à Constituição - PEC 287) na Câmara dos Deputados fez um belo trabalho para o governo comandado pelo presidente Michel Temer (PMDB), na tarde de ontem. Suas Excelências aprovaram o texto da reforma e conseguiram larga margem de votos que rejeitaram os destaques apresentados pela oposição.

A PEC do jeitinho que o presidente Temer e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles encomendaram ao secretário de Previdência do Ministério da Fazenda Marcelo Caetano, seguirá agora ao plenário da Câmara dos Deputados para debates e votação. Haverá algum jogo de cena, evidentemente, mas nenhuma surpresa de que o governo sairá vitorioso em cima dos trabalhadores brasileiros. O governo quando quer e se empenha ganha todas as votações de seu interesse no Parlamento, ensinava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), cujo poder de convencimento é inquestionável...

O presidente Temer é outro político com larga experiência nas artes parlamentares, já presidiu a Câmara dos Deputados e está à frente do seu partido há mais de uma década, e tem jogo de cintura e boa conversa para “convencer” deputados a seguir, com a máxima fidelidade, ao seu governo nas votações encaminhadas naquela Casa. Sabendo disso tudo, fica até engraçado a gente perceber no noticiário a respeito do assunto a forma como repórteres e analistas políticos trataram o assunto, fazendo cara de surpresos pelo resultado. Senhores!

Todos que estão do lado de cá do balcão, assistindo ao ataque aos seus direitos à aposentadoria e pensão, sabem muito bem como são as negociações envolvendo representantes de governos e parlamentares. Os excelentíssimos firmam convicção a respeito de qualquer matéria toda vez que eles ouvem coisas do tipo “liberação de verbas orçamentárias”, autorização de gastos das famigeradas “emendas ao orçamento”, “nomeações de indicações para cargos públicos”, dentre outros pontos negociáveis com infinita capacidade de convencer o camarada a votar com a “consciência tranquila” em favor disso ou daquilo.

Na cara dura, Suas Excelências mercadejam apoios e votos para aprovar tudo o que interessa ao governo da hora, falando em necessidade de reformar a previdência para garantir equilíbrio fiscal. Em nome da saúde financeira do governo federal o pessoal lá em Brasília sempre acha um jeitinho de levar vantagem. Enquanto isso, o trabalhador que se lasque. É um horror.


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