E mais alguns homens públicos goianos deram outro forte motivo para a população desconfiar da política e dos políticos.

A Operação Tarja Preta deflagrada pelo Ministério Público de Goiás levou até agora 12 prefeitos de municípios goianos para a prisão. Claro, além de secretários municipais de Saúde, servidores, advogados e empresários também, conforme se lê nos veículos da imprensa local que têm dado amplo destaque a mais essa estripulia com o dinheiro público protagonizada por gente colocada em postos importantes nas esferas administrativas de várias cidades.
No total, são 37 pessoas suspeitas de participarem deste esquema de fraudes em prefeituras, burlando as licitações para compra de medicamentos. As fraudes nas licitações somariam 15 milhões de reais, enquanto que o superfaturamento de remédios chegaria a 400%. As investigações apontam para a existência de 4 empresas de uma mesma família com influência em 19 prefeituras. Escritórios de advocacia davam apoio para a montagem de editais já viciados. Isso tudo estampado nas primeiras páginas do O Popular (www.opopular.com.br).
É tanta operação policial nas três esferas de governo sendo divulgadas diariamente que nem dá mais tempo para o cidadão ficar indignado com um caso apenas. Enquanto a gente assiste no noticiário ao desdobramento de um escândalo, estoura outra bomba simultaneamente ocupando as página de jornais e tempo de rádio, televisão e nos sites na internet também. A coisa é mesmo muito dinâmica.
Com isso, a descrença popular em relação aos políticos e à política só faz recuar para níveis cada vez menores. E o negócio fica ainda mais frustrante na medida em que se percebe que entre os prefeitos envolvidos há gente que tomou posse no primeiro dia de janeiro deste ano. Ou seja, tudo leva a crer que os acertos foram feitos lá na campanha eleitoral, quando o atual “excelentíssimo” era apenas candidato.
Tem gente que realmente enxerga longe demais da conta. É isto que nos sugere uma situação dessas. O empresário do ramo de medicamentos deve ter escolhido os candidatos a prefeito, injetado dinheiro nas respectivas campanhas e, assim com a posse do novo gestor municipal, chegou a hora de receber os ganhos pelo investimento realizado. Parece que muitos homens e mulheres de negócio que têm transações comerciais com o setor público no Brasil pensam e agem de acordo com este modo peculiar de entender o mundo a sua volta.
Todavia, muita água ainda vai passar por debaixo da ponte, lembrando que as prisões em questão não têm caráter definitivo. O processo ainda terá que ir à julgamento pela justiça e há toda uma série de fases a serem cumpridas até o chamado trânsito em julgado. E há sempre a possibilidade do suspeito hoje, denunciado amanhã, sair inocentado pela Justiça. Afinal, bons advogados estão aí para fazer o trabalho deles.
Mas uma coisa já ficou marcada mesmo, os próprios políticos deram mais um motivo, e forte, para a parcela da população que defende a adoção de uma prática administrativa mais rigorosa por parte dos gestores públicos e, evidentemente, pelos empresários que fazem negócios com o setor público, ficarem ainda mais ressabiados e ariscos no quesito confiança àqueles que se propõem a gerir a máquina pública. E isso, penso, não é bom não.

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