Kôla: A trajetória de uma educadora que transcende o tempo
Da escola interna em Morrinhos à gestão de sucesso em Trindade
|  | 
| Professora Kôla: Educação como missão de vida. (Fotos: Reprodução) | 
A jornada da professora Maria Socorro Alves do Carmo (Kôla) na educação começou com o Magistério em um colégio interno em Morrinhos, bancada por sua mãe costureira. Essa experiência inicial foi marcada pela exigência constante de leitura e escrita, e pela ética, com aulas teóricas e práticas, além de estágios em escolas de Morrinhos, acompanhada de perto pelos professores. Ao retornar, iniciou sua carreira em 1981 como contratada da Prefeitura Municipal de Trindade, em uma turma de primeiro ano com mais de 40 alunos no então Ginásio Pai Eterno, onde depois retornaria como concursada do estado em 1985. Sua busca por aperfeiçoamento a levou a cursar Pedagogia e a se especializar em Planejamento Educacional, Ciências Sociais e Gestão Escolar.
Durante seus dois mandatos como diretora no Colégio Estadual Divino Pai Eterno, a professora Kôla liderou um trabalho focado na escuta ativa, empatia e transparência, integrando funções administrativas e pedagógicas com a comunidade. Sob sua gestão, o colégio experimentou um número crescente de alunos (saltando de 1.500 para 2.000) e se tornou líder em aprovações em vestibulares para faculdades, incluindo a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio de incentivo ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), tutorias de alunos e palestras. Ela destacou a importância de lidar com os desafios burocráticos e financeiros, gerindo recursos com transparência e priorizando festividades e aprimoramentos para as crianças, além de lutar por conquistas como mais professores de apoio e merenda para o ensino médio.
Mesmo após a aposentadoria pela rede estadual em 2012, Kôla continuou atuando na rede municipal, motivada a melhorar sua renda financeira e fazer o que mais gosta: ensinar as crianças a ler, interpretar e escrever. Atualmente, ela trabalha com Letramento e Reforço no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) das Artes Dr. Vanilton Corrêa de Azevedo, em Trindade, onde o Letramento é definido como a capacidade de usar a leitura e a escrita de forma autônoma e crítica em diversas situações sociais, indo além da simples alfabetização. Ela afirma que seu objetivo é pensar o aluno de primeiro ano "lá na frente", usando diversos gêneros textuais e jogos pedagógicos em um trabalho específico e direcionado a cada estudante.
Blog - Onde e como começou sua formação como educadora?
Professora Kôla - Eu comecei a minha formação como educadora, em um colégio interno em Morrinhos, cidade natal do meu pai, por incentivo da minha mãe, que era costureira e bancava os meus estudos, mesmo sendo um colégio público tinha muitos gastos.
Blog - Como foi a sua experiência no Colégio Interno em Morrinhos durante o Magistério?
Professora Kôla - A minha experiência foi incrível! Além das aulas teóricas e práticas, tínhamos palestras com autores de diversos livros didáticos, contadores de histórias, atores que nos preparavam para algumas apresentações teatrais com temas importantes para as crianças e os clássicos literários. A exigência constante na leitura era com a escrita e com a ética. A didática na produção deveria ser impecável. As cursivas que deveria ser somente para o colégio interno, cidades vizinhas e de outras mulheres. O estágio era feito nas escolas de Morrinhos com a presença dos professores do curso e da sala de aula.
Blog - De que forma surgiu sua primeira oportunidade de trabalho no Colégio Pai Eterno?
Professora Kôla - Assim que retornei de Morrinhos, o meu pai conversou com o então prefeito à época, o Sr. Dilson Alberto de Sousa, e logo iniciei como contratada da Prefeitura de Trindade, em 1981, em uma sala de primeiro ano, com mais de 40 alunos.
Blog - Como funcionava o convênio entre o Ginásio Pai Eterno e a Prefeitura de Trindade?
Professora Kôla - Na época, tinha funcionários do Estado, concursados, e contratos da Prefeitura que praticamente arcava com todos os custos de materiais gastos no Ginásio, tais como, limpeza, papéis, merenda escolar e outros. Fiquei dois anos lá e pedi para vir para a Escola Municipal Modelo, hoje Messias Bites, e fiquei quase dois anos e volto como concursada do estado, para o Ginásio Divino Pai Eterno, no final de 1983, mas a minha efetivação só saiu no início de março de 1985.
Blog - O que a motivou a cursar Pedagogia?
Professora Kôla - Como eu já era efetiva, busquei a graduação na Faculdade de Ciências Humanas em Anicuns. Na época, os nossos professores eram da Universidade Católica, da Universidade Federal e da Evangélica de Anápolis e de São Luís.
Blog - Quais especializações a professora realizou e como elas influenciaram sua prática pedagógica
Professora Kôla - Especialização em Planejamento Educacional, Ciências Sociais e Gestão Escolar.
Blog - Como foi sua experiência como diretora da Escola Municipal Dona Catu?
Professora Kôla - Fui gestora na Escola Municipal Dona Catu nos anos de 2010 a 2012. Na época a escola era menor e a comunidade local mais simples. E com isso eu procurava integrar as funções administrativas e pedagógicas com uma forte conexão com a comunidade escolar, focando em criar um ambiente de aprendizado acolhedor e de apoio.
Blog - Quais foram os principais desafios enfrentados naquele período?
Professora Kôla - É muito importante ter escuta ativa, empatia, flexibilidade e resiliência para lidar com os desafios burocráticos e pedagógicos, além de promover um ambiente de desenvolvimento e motivação para os professores, administrativos e alunos. E quanto aos recursos financeiros, foram geridos ouvindo os colegas sobre as necessidades prioritárias e as prestações de contas realizadas com transparência e acessível a todos, inclusive à comunidade. Sempre fazíamos algumas coisas para melhorar as condições de trabalho ou lazer para as crianças, como é feito até hoje e isso exige transparência também. As nossas festividades com as crianças também eram prioritárias e feitas com muito trabalho e alegria. As comidas típicas das Festas Juninas eram com preços acessíveis para toda a comunidade do setor.
Blog - Como foi o processo de eleição para gestora no Colégio Estadual Divino Pai Eterno?
Professora Kôla - Na época, eu estava como coordenadora de turno e aulas de História no Ensino Médio. Trabalhava nos três turnos. Partiu dos próprios colegas a indicação do meu nome. Na verdade eu tinha passado em concurso no município, com boa classificação, e gostaria de assumir, mas acabei adiando este sonho e coloquei o meu nome à disposição dos colegas. Fui candidata única e me inscrevi faltando pouquíssimos dias para a eleição. Foi a primeira eleição para gestores das escolas estaduais em que os pais iriam votar.
Blog - Que mudanças essa eleição trouxe para a gestão escolar?
Professora Kôla - O Colégio Divino Pai Eterno sempre foi uma escola que valorizou os professores, administrativos, os educandos e tudo em prol do ensino/aprendizagem, marcado por lutas junto aos governantes, ampliando conquistas e direitos. Tivemos como gestor por muitos anos o professor Alaor Dorneles e com ele eu aprendi muito sobre gestão escolar e me preparei para isso também. Durante os meus dois mandatos tivemos um número crescente de alunos e alunas que aproveitando o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a inscrição era feita na escola para ter certeza de que todos iriam participar. Tivemos aprovação em várias faculdades do estado e inclusive aprovação na UFG e sempre contando com os professores empenhados nesta luta comigo, reforçando os conteúdos. Alunos ministrando tutorias para os colegas, palestras de professores das faculdades próximas e outras atividades criando oportunidades para todos. O incentivo e as aprovações foram tão significativas que o colégio saltou para de mil e quinhentos alunos para dois mil.
Blog - O que a motivou a trabalhar no Colégio Metropolitano?
Professora Kôla - O que o Colégio Metropolitano abriu vagas no vespertino para a primeira fase do ensino fundamental e como eu era professora do magistério e uma das minhas disciplinas era Alfabetização e Língua Portuguesa para as Séries Iniciais, então eu assumi a sala de alfabetização no vespertino e algumas alunas do magistério foram pra lá fazer o seu estágio, com a permissão dos proprietários deste colégio, inclusive. Não era obrigatório o estágio na rede particular, mas as alunas que se dispuseram a ir, logo assumiram sala de aula no metropolitano ou em outra escola. Isso para elas foi extremamente importante e um grande orgulho para mim.
Blog - Como foi conciliar os três turnos de trabalho em diferentes instituições?
Professora Kôla - E eu trabalhava no matutino e noturno, no Colégio Estadual Divino Pai Eterno, e no vespertino, no Colégio Metropolitano, enquanto durou o técnico em Magistério e um pouco mais, totalizando seis anos.
Blog - Como foi o processo de aposentadoria na rede estadual em 2012?
Professora Kôla - Eu fiquei mais dois anos em sala de aula após finalizar o meu último mandato de gestora e neste período prestei novamente outro concurso no município em 2010 e assumi no início de 2011. Em dezembro de 2012 saí a tão esperada aposentadoria do Estado, onde finalizei com quase trinta anos de serviço no renomado Colégio Estadual Divino Pai Eterno.
Blog - O que a motivou a continuar atuando na rede municipal mesmo após a aposentadoria?
Professora Kôla - O que me motivou a continuar trabalhando no município foi que eu poderia melhorar a minha renda financeira e fazer o que eu gosto. Ensinar as crianças a ler, interpretar, escrever, sonhar e realizar em um futuro bem próximo feliz. Eu costumo dizer que eu penso o aluno, de primeiro ano, lá na frente.
Blog - Como é o seu trabalho atual na Secretaria de Cultura, no CEU das Artes?
Professora Kôla - No Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) das Artes Dr. Vanilton Corrêa de Azevedo, tem inúmeras oficinas: futebol, Ioga, Pilates, ballet, crochê, informática básica, música, letramento e reforço e outras. Eu trabalho com Letramento e reforço no matutino do primeiro ao quinto ano. O aluno tem aulas duas vezes por semana, de 45 minutos cada (eu sempre vou além). Podem matricular também em outras oficinas.
Blog – A propósito, o que é Letramento?
Professora Kôla - É a capacidade de usar a leitura e a escrita de forma autônoma e crítica em diversas situações sociais, ir além da simples alfabetização. É adquirir habilidade de compreender, interpretar e usar textos em seu contexto social, como ler jornais, seguir uma receita, leituras literárias, histórias em quadrinhos, poemas e outros. Usar a linguagem escrita de forma efetiva e autônoma.
Blog - Quais atividades desenvolve com os alunos no Projeto de Letramento e Reforço?
Professora Kôla - É um trabalho semelhante ao da escola, só que mais específico e direcionado a cada aluno, entendendo as suas dificuldades e limitações. Nem todos os alunos matriculados no Letramento têm dificuldades e aproveito para avançar cada vez mais. Trabalho com diversos gêneros textuais: poemas, cantigas, leituras literárias e outros. Jogos pedagógicos e outras atividades.

Comentários
Ariane, Jr e Tânia e Totonho
Postar um comentário
Obrigado por comentar... Vamos analisar para publicar nos comentários.