O Legado de Marcelo Lopes: Compromisso, Maturidade e o Projeto Humanitário Cadi
O psicanalista e empresário reflete sobre sua experiência no Rotary, o desafio da liderança voluntária e a missão de transformar vidas na Guiné-Bissau
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Comendador escritor e líder: Uma palavra aos que ficam. |
Marcelo Lopes de Souza, empresário, psicanalista e maçom, idealizou o Projeto Cadi e foi presidente do Rotary Club de Trindade no ano rotário de 2024-2025. Sua experiência como líder na entidade serviu de inspiração para seu primeiro livro totalmente autoral, “Entre redes rasgadas e corações feridos – Uma palavra aos que ficam”. Embora já tenha um vasto portfólio de mais de mil publicações, incluindo crônicas, artigos e poesias, este livro marca o início de uma nova fase, com a previsão de mais seis novos títulos em breve. Lopes também detém o título de Comendador, uma honraria do estado de Goiás concedida pela Assembleia Legislativa em reconhecimento a trabalhos elevados, como o atendimento a crianças em situação de risco em abrigos de Goiânia.
A obra de Lopes é focada no público do Rotary Club e aborda a necessidade de compromisso e maturidade dentro das instituições de voluntariado, como o Rotary e a Maçonaria. O autor argumenta que, mesmo sem remuneração, o compromisso assumido não pode ser abandonado a qualquer momento. A principal mensagem do livro é que "Crescer dói”, mas vale a pena, sendo essa uma dor física e emocional necessária para a evolução pessoal e institucional. Lopes citou que o maior desafio em sua gestão foi lidar com a ameaça recorrente de companheiros dizendo "então eu vou sair". Ele reverteu essa situação ao deixar claro que tal atitude era um exemplo de fraqueza e conseguiu fazer com que essa expressão desaparecesse ao final de seu mandato.
Além da literatura, Marcelo Lopes é o criador do Projeto Cadi, que significa “Lugar de criança é a escola”, uma iniciativa humanitária na Guiné-Bissau (África Ocidental). O nome foi inspirado em uma menina de 14 anos, Cadi, que ele ajudou a libertar de uma situação de escravidão e abuso iminente, garantindo-lhe um lar, escola e liberdade. O projeto atende integralmente 30 crianças e um jovem universitário, fornecendo mensalidades, uniformes, kits de estudo, refeições e apoio direto a famílias vulneráveis. Atualmente, o Cadi é mantido com o apoio crucial do Rotary Club de Trindade (50%) e da empresa Centro Tecnológico Gyn Service (50%). Baseado em sua vivência de três anos na Guiné-Bissau, o grande sonho de Lopes é construir uma escola modelo no país, com capacidade para 350 crianças por dia, consolidando um legado de voluntariado e solidariedade.
Veja a seguir os principais pontos da entrevista.
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A origem do título comendador do rotariano Marcelo Lopes |
Blog - Qual a importância, não, o que você quis com esse seu lançamento, entre redes?
Marcelo Lopes - “Entre redes rasgadas e corações feridos - Uma palavra aos que ficam”. Foi após minha experiência como presidente do Rotary Club de Trindade. Então todas aquelas experiências que me foram geradas, situações que eu tive que tratar, ouvindo os companheiros do Rotary Club, eu pensei então, me veio essa inspiração de escrever, principalmente para as pessoas que trabalham em instituições, instituições de voluntariado, de serviço, como Rotary, como a Maçonaria, para que até mesmo elas entendam que mesmo um contrato voluntariado, quando você aceita o compromisso de seguir naquela instituição, você assinou o contrato, não porque você não está sendo remunerado, que você pode deixar, abandonar a qualquer momento, mas para que as pessoas entendam que existe essa maturidade, para que você possa se dedicar com compromisso, assim como você assumiu quando entrou na instituição.
Blog - E qual, digamos assim, é aquela lição, aquela mensagem, que você quer passar aos leitores dos 12, 13 textos que estão lá no livro? Crescer dói?
Marcelo Lopes - Crescer dói, mas vale a pena. E é uma dor física. Chega a ser uma dor física, além da dor emocional. Quem quer crescer, quem quer melhorar como pessoa, precisa passar por esse processo. E alcançar a maturidade muitas vezes dói. Essa é a mensagem principal que eu levo nesse livro. A gente suportar as dificuldades para que possamos chegar a esse crescimento, a essa evolução como pessoa e como instituição.
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Marcelo Lopes e Sérgio Vieira: Associados ao Rotary de Trindade |
Blog - E nesse período, o que foi aquele crescimento? Onde você viu que o Marcelo cresceu?
Marcelo Lopes - Essa pergunta é boa. Durante esse período de presidente, logo no início, nos primeiros meses, eu me deparei com algumas dificuldades de conflitos, alguns desafios, inclusive daqueles que eram contra a ideia do caminho, do relacionamento dentro da instituição. Eu percebi, então eu digo assim que uma coisa que me inspirou muito foi o fato de reconquistar alguns que estavam meio desanimados, alguns que estavam contra o nosso trabalho, a nossa gestão e também tem um marco muito importante para mim. Uma das maiores dificuldades que eu tive quando eu assumi a presidência, que eu vi, foi o desafio de enfrentar, de lidar com as pessoas que diziam, então eu vou sair, então eu vou sair. O livro foca muito nisso, no exemplo de Pedro, porque Pedro, o apóstolo Pedro, tem um momento que ele saiu, ele desistiu do chamado dele e o livro vai mostrar sobre isso. Quando a gente ia procurar algum companheiro, com alguma questão, às vezes, financeira, ou mesmo de responsabilidade perante o clube ou com algum desentendimento entre os companheiros, o que a gente mais ouvia era, então eu vou sair, então eu vou sair e isso era da escala pequena até a grande. Ouvi muito isso e a grande conquista para mim foi que ao final do mandato essa expressão sumiu, a gente já não via mais essa expressão.
Blog - E como que se reverte, como que você reverteu a situação de quem estava contrariado como liderado, uma coisa assim, e você conseguiu reverter a situação e ele permaneceu, por exemplo?
Marcelo Lopes - Eu fiz um trabalho deixando isso bem claro, que não dava para gerir um clube com esse pensamento de eu vou sair e comecei a trabalhar esse lance do vou sair e surgiu o reconhecimento de que aquilo era fraqueza, aquilo que nós falamos no começo aqui, crescer dói. Se você não está disposto a crescer, porque vai doer, é melhor pedir para sair. Então a ideia que eu fiz foi exatamente essa. Deixar bem claro isso, que o sair é um exemplo de fraqueza. Se eu tenho algum problema, eu vou enfrentar. E isso eu suportei algumas ligações, algumas trocas de mensagens à meia-noite, uma hora da manhã, de pessoas desabafando nesse aspecto. E ao decorrer do mandato, eu fui percebendo que isso foi sumindo. Essa colocação que eu vou sair, ela foi desaparecendo.
Blog - E qual a importância desse livro, em especial, na sua vida de escritor, que você tem escrito tanta coisa, vários artigos, vários livros, e está prestes a sair um novo trabalho, então, esse livro em especial, ele tem algum significado?
Marcelo Lopes - Tem, ele tem um significado muito importante para mim, pelo aspecto assim, eu tenho mais de mil publicações, em crônicas, artigos e poesias, mas de livro totalmente meu, esse é o primeiro, e ele marca, ele abre a porta para seis novos que já estão vindo aí, já existe um na gráfica, tem outro já na edição final, então ele marca essa abertura, e eu vejo esse marco muito importante por ser um livro bem destinado, focado para o público do Rotary Club. Então isso para mim é uma situação de importância.
Blog – A propósito, de onde vem esse título de comendador?
Marcelo Lopes - Legal, gostei. É o título de comendador. Por um período, eu atendi o pessoal de abrigos em Goiânia, onde ficavam crianças em situação de risco. Atendia muito essas casas de pessoas em situação de risco, assim, em vários aspectos, inclusive no psicológico. E naquele período eu fui convidado, acredito que já deve ter uns 11 anos. Eu fui convidado pela Assembleia Legislativa, pelo então presidente, que me agraciou com o título de comendador, me dando a maior honraria, que é do estado de Goiás, que é a Medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira (a comenda foi conferida em 15 de setembro de 2014), por reconhecimento de trabalhos elevados ao estado de Goiás. Não é um apelido só. É um título mesmo.
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