Dia Mundial do Meio Ambiente, o que temos para comemorar?

No dia mundial do Meio Ambiente vamos celebrar a estupidez humana. E rezar por dias melhores.

Prof. Hélio Andrade, biólogo. (Foto: Reprodução)


Hoje dia mundial do Meio Ambiente, tiramos o dia pra reflexão, com muito pouco para se comemorar. Especialmente no Brasil, onde as “pernas do governo federal se abriram” para a degradação do Meio Ambiente. Em 2021, o Governo Federal bateu um recorde vergonhoso, liberando 550 novos agrotóxicos, produtos que afetam a saúde de animais e seres humanos, polinizadores são dizimados e nós humanos, dentre várias doenças, somos afetados pelo câncer.

Em 2016, o Brasil vivenciou uma assustadora liberação de agrotóxicos, com 277 produtos. Em 2017, um salto para 404 novos venenos, no ano seguinte, mais de 449 registros foram feitos.

Quem é atendido com esses “benefícios oncológicos”? Na sua maior parte, o agronegócio, os grandes produtores rurais que produzem para venda em grande escala, inclusive para exportação. O Agronegócio é importantíssimo para o Brasil. Gera renda, arrecadação tributária, emprego, aplicação de novas tecnologias e parte da distribuição do alimento em nossas mesas. Se seu primo rico te dá uma lata de óleo de soja, ele tem o direito de te envenenar seu tomate e acabar com suas abelhas?

Grande parte dos países estão atentos as questões de uso e liberação de agrotóxicos, uma vez que o próprio governo tem gastos assustadores com saúde pública, especialmente no tratamento de pacientes com câncer e busca por recursos que possam sanar o problema da falta de produção agrícola pela escassez de polinizadores, nesse caso os insetos (como as abelhas e joaninhas) que são os primeiros a morrerem com a borrifação de veneno de forma indiscriminada, descontrolada e irresponsável, com aval da legislação e decretos federais.

E o pequeno produtor rural? Onde ele fica nessa história? O pequeno produtor rural, aquele que abastece a maior parte dos alimentos em nossas casas, está “encantuado”, envenenado e afetado pelo veneno do vizinho rico. Isso mesmo, o veneno do vizinho rico. O vizinho rico que adesivou a camioneta com a frase “Deus, Pátria e Família”. Também sou a favor dessa tríade, e acredito que o pequeno produtor rural também, mas ela tem que sair do adesivo e ir para prática... mas isso é outra história. O foco aqui é que, a grande parte dos pequenos produtores rurais, que produzem os alimentos que são vendidos nas feiras, nos pequenos e médios supermercados, nas Centrais de Abastecimentos (Ceasa), que abastecem todos os restaurantes, do popular ao de luxo, e especialmente, abastece nossas mesas, sofrem diretamente e em primeira mão, com o uso abusivo dos agrotóxicos.

Enquanto o grande produtor rural tem grande lucratividade na produção de soja, tomate, milho, cana de açúcar, silo para o gado confinado e diversos outros produtos, o pequeno produtor rural, vizinho do “amigo do rei”, sofrem consequências desastrosas, onde com a extinção do polinizador, o produto orgânico, o mel e outros derivados da produção natural, diminuem consideravelmente fazendo com que o pequeno produtor entre na “onda do veneno” pra manter sua escala de produção ou venda seu produto como um preço elevado, contrariando o consumidor.

Em resumo, o Governo atende as vontades dos grandes produtores rurais, para ter do seu lado um apoiador rico e poderoso. O Governo é beneficiado especialmente nas campanhas eleitorais. O grande produtor rural aumenta sua fortuna em curto prazo. O pequeno produtor rural e o meio ambiente são os grandes prejudicados. O bacana disso tudo é que todos serão envenenados.

Quando o assunto é meio ambiente, o Brasil nunca teve um governo que se preocupasse com o que realmente nos mantém vivos. No período da colonização, tivemos a exploração de madeira, recursos naturais e a escravidão de índios e negros, nos dias atuais, os assentamentos disfarçados de pequenos produtores, que invadem e destroem fazendas modelos no Brasil, e grandes produtores rurais que se disfarçam de fazendas modelos no Brasil, envenenando tudo que podem e não podem. Não esquecendo que ainda temos os escravos com salário.

Aqui retratei um pequeno fragmento dos problemas ambientais que vivemos no dia Mundial do Meio Ambiente. Mas vale ressaltar que temos também a degradação da água, o aumento do nível dos oceanos por conta do derretimento das calotas polares, em função do aquecimento global, aumento da taxa de carbono a atmosfera aumentando o efeito estufa, excesso de lixo e má acondicionamento de destinação do mesmo, queimada de pastos no período das secas, venda ilegal de madeira, desrespeito constitucional nos quesitos de leis ambientais, em pleno 2022 um mundo sem proposta de cidades sustentáveis e com mortes por causa de falta de saneamento básico, aumento considerável de empresas produtoras de celulose (para produção de papel) crescente no Brasil e no mundo, grandes destruidoras do solo e que causam escassez de água no solo, em uma época digital.

Compre do pequeno produtor rural, evite o consumo de produtos cultivados com veneno. Se você ama seus filhos e netos, seja sustentável. Se nós estamos sofrendo consequências danosas, eles sofreram mais ainda com falta de água, ar e outros fatores básicos para sobrevivência de nossa espécie.

No dia mundial do Meio Ambiente vamos celebrar a estupidez humana. E rezar por dias melhores.


Hélio Pinheiro de Andrade é professor, graduado em Biologia, especialista em Educação Ambiental (PUC-GO), Docência Universitária e Ciências da Natureza (UnB), mestre em Ciências Ambientais e Saúde (PUCGO) e doutorando em Saúde Coletiva (UNISINOS-RS)


Comentários

Anônimo disse…
Parabéns por tão pertinente reflexão!! Concordo muitíssimo com vc! Infelizmente ainda não podemos comemorar esta tão sonhada adesão pela preservação, mas, a esperança é grande! Graças a Deus e aos mestres conscientes , a nova geração já começa a praticar a mudança, o que com certeza mudará os rumos muito em breve!👏👏👏👏👏💚💚
Anônimo disse…
Sua tia que muito a admira! Elizeth Carlos Andrade